AS MISSÕES JESUÍTICAS NO BRASIL
Onde hoje está localizado o município de Terra Roxa, no oeste do Paraná, os conquistadores espanhóis do Rio da Prata, na tentativa de consolidar o Caminho do Peabiru (caminho do peixe), que ligava o litoral catarinense a Assunção no Paraguai, fundaram entre 1554 e 1789 quatro vilas, na chamada Província del Guayrá. Não podemos esquecer que vigorava na época (1554) o Tratado das Tordesilhas, e assim, todo o oeste do atual estado do Paraná, partindo de Guarapuava até as barrancas do Rio Paraná o território pertencia à Espanha.
Dentre as vilas estava a Ciudad Real del Guayrá, hoje Guaíra, que se localizava na confluência dos rios Piquiri e Paraná, e foi fundada pelo Gran Capitan Ruy Dias Melgarejo, e completamente dizimada pelos bandeirantes paulistas em 1631.
Em fuga dos perseguidores, desceram rio Paraná abaixo fundando missões as margens do rio em território paraguaio (San Ignácio Guazu), argentino (San Ignácio Mini) e também em território brasileiro.
AS MISSÕES RIO GRANDE DO SUL
Os vilarejos construídos pelos padres jesuítas da Companhia de Jesus, no oeste do Rio Grande do Sul, se organizaram num conjunto de 30 Reduções, em território na época pertencente à Espanha, e que compreendia Brasil (parte) Argentina e Paraguai. Todas se tornaram comunidades de grande desenvolvimento cultural e econômico e eram conhecidas como Os Sete Povos das Missões.
A história de São Miguel das Missões começa a ser contada em 1632, quando foi fundada a Redução de São Miguel Arcanjo, instalada definitivamente em 1687. Em 1745 foi construído a Antigo Templo, projeto do Irmão João Batista Primoli, que guarda ainda a grandiosidade arquitetônica e o simbolismo imaterial da epopeia missioneira. As ruínas de São Miguel Arcanjo foram reconhecidas como Patrimônio Nacional em 1938, e em 1983 pela UNESCO reconhecida como Patrimônio Mundial Cultural.
Ao anoitecer as ruínas se iluminam e é palco do espetáculo de Som e Luz, que conta a glória e sua trágica destruição. O Museu das Missões, projetado pelo arquiteto Lúcio Costa, cujos traços arquitetônicos imitam as habitações dos índios guaranis nas reduções, e abriga mais de uma centena de obras, que representa o mais rico acervo nacional da estatuária missioneira.
Junto ao Museu, também se encontra o sino antigamente instalado no alto da torre do templo de São Miguel. Pesa uma tonelada, e fundido na redução de São João Batista, a primeira fundição de ferro do Sul do país.
O mais importante símbolo das Missões, em torno do qual a comunidade se identifica, é a Cruz Missioneira, plantada em São Miguel por ocasião da redução dos guaranis à fé cristã.
A Fonte Missioneira, descoberta em 1982 e restaurada em 1993, fica a um quilometro do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo. Sua descoberta desvendou o mistério do abastecimento de água do antigo povo de São Miguel.
Também no Parque da Fonte Missioneira está preservada acultura indígena, através do Projeto Teko’a (querência, em guarani). Ali, um grupo guarani está instalado, em suas casas de taquara, barro e teto de palha.
Bem próximas a São Miguel, estão outras três ruínas de reduções remanescentes no Rio Grande do Sul: São Lourenço Mártir (em São Luiz Gonzaga, 54 km), São João Batista (em Entre-Ijuís, 20 km) e São Nicolau (em São Nicolau, 110 km). Em Santo Ângelo (58 km) pode-se conhecer a Catedral Angelopolitana, construída em 1929. A Igreja espelha o antigo templo de São Miguel Arcanjo e esta localizada no mesmo local da redução de Santo Ângelo Custódio. O Santuário do Caaró (em Caibaté, 25 km) foi local do martírio dos padres Roque Gonzalez e Afonso Rodriguez, jesuítas pioneiros na catequização dos índios da região.
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES
São Miguel das Missões é um município que tem na agricultura sua principal fonte de renda, com destaque para o trigo e a soja, a pecuária também é bem desenvolvida, fruto da alta tecnologia que chegou até o campo.
Sua proximidade com o Patrimônio Cultural se soma a beleza natural da região, rica em florestas, rios e nascentes. Por esta razão, o Turismo Rural tem destaque. Através das Trilhas Missioneiras, se podem vivenciar os velhos caminhos guaranis.
Uma boa opção é fazer Cavalgadas pelos trajetos históricos que formaram o gaúcho. Nas Fazendas Missioneiras Triunfo e Lajeado se pode apreciar belas paisagens, campos, matas nativas e quedas d’água, além de vivenciar as lidas campeiras e os costumes gaúchos. A gastronomia típica da região, como o churrasco, os cafés missioneiro e campeiro merecem atenção especial.
As manifestações folclóricas e tradicionalistas do povo rio-grandense podem ser apreciadas no Centro de Tradições Nativistas Sinos de São Miguel, que procura resgatar e preservar heranças culturais dos índios, do gaúcho e das diferentes etnias europeias que formaram sua população. O artesanato também tem destaque dentre os atrativos turísticos: madeira, palha, couro e lã, trabalhados por mãos de diferentes origens, unidas como representantes da cultural local.
São Miguel das Missões tem boa estrutura hoteleira para oferecer ao visitante conforto, qualidade e muita hospitalidade.Publicado no site: www.turismoemfoco.com em setembro de 2013